A 'LENDA DA MANGUDA'


A noite, suas brumas, estrelas, luzes, luas, mistérios...e 'pecados'! Aquela trinca de contrabandistas com seus negócios ilícitos com os comerciantes locais. Vários e vários eram seus produtos, suas muambas e 'nenhuma nota' por tudo aquilo. O negócio ia de vento em popa e nada poderia atrapalhar Vadão, Miltinho e Nonô. Nada a não ser o que eles chamavam de 'marocas', bisbilhoteiros ou 'fofoqueiros mesmo' e que poderiam denunciá-los. Até que aproveitando o visual da 'calada noite' onde agiam, Vadão tem a ideia genial de criar uma lenda assustadora para afastar de vez os marocas de seus caminhos. Nascia então a 'Manguda'. 'Um fantasma, um ser, um ente dos mais pavorosos...e que vestida de branco e com sua fronte iluminada surgia de repente diante dos desavisados ou mais incautos que se aventurassem a perambular pelas ruas durante aquele horário'. E de tão 'assustadoramente' genial, o plano 'colou'. A lenda de tal ser, logo se espalhou pela cidade afora, chegando até mesmo a cidades vizinhas onde o pavor também era geral. 'Cuidado com a Manguda'... era o que se ouvia e se advertia pelos bares, conversa de portão, praça, padaria e outros arredores. Mas Vadão e seus asseclas apenas riam, não só da lenda que criaram, mas também 'riam à toa' com o lucro que tiravam de suas atividades ilícitas com a ajuda da mesma. Mas o tempo passa e com isso, a modernidade somada ao crescimento da cidade e outros fatores, acabam fazendo com que a lenda da Manguda já não assustasse mais aqueles populares. E até mesmo as atividades do bando de Vadão já não davam mais o lucro que davam, fazendo com que o mesmo optasse por um 'outro ramo'. Vadão deixa as muambas e outras mercadorias para lidar com 'coisa mais pesada'. Vadão e seus comparsas agora seriam traficantes de droga e se a Manguda não assustaria mais o povo, o '38' que o mesmo passava a levar na cintura seria o novo 'terror da área'. Miltinho e Nonô não aprovam muito a nova postura do chefe, mas por também temê-lo, acabam tendo que segui-lo com esses 'novos tempos'. Vadão que se dizia 'umbandista' e 'amigo do Zé', com aquela guia em seu pescoço, também não teria mais o apoio dessa entidade devido as barbaridades que o mesmo passava a cometer em nome do lucro que visava com as drogas que trazia para a cidade. E é em mais uma daquelas noites de crime e possíveis perversidades que aquela trinca cometeria, que acontece! Já era de madrugada quando o trio está naquela esquina. Tramoias e esquemas eram tratados quando um deles avista vindo de um beco escuro próximo dali um vulto acompanhado de uma estranha luz. Não era carro, moto, sirene e muito menos vagalume...era inexplicável e assustador. Mas quando ele tenta avisar os outros já era tarde demais! Aquela criatura que chegava flutuando, chega  vestida 'num branco luminoso e esvoaçante', e o que se pôde ver sob toda aquela luz vinda de sua cabeça, se mostrava como membros pálidos e esqueléticos. Todos se apavoram, mas aquela 'coisa' vai apenas em cima de Vadão que sem tempo de sacar sua arma, acaba consumido pelo 'feixe de luz' emitido pela fronte do ser que incendeia totalmente seu corpo. Sob os terríveis gritos de Vadão, Miltinho e Nonô fogem sem saber explicar o que foi aquilo que matou seu chefe. Tempos depois, Miltinho simplesmente enlouquece e Nonô abandona para sempre a vida do crime chegando a entrar para uma igreja local onde por razões que só aqueles populares sabem dizer, o culto nunca 'passava das nove da noite'.

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