O 'FANTASMA'


Minha avó(que Deus a tenha!) e suas pavorosas histórias ou 'causos' de assombração que para a infelicidade da criança que eu era, ela só contava naquelas tão temidas épocas de Quaresma que também coincidiam com as temporadas em que eu passava com minha família naquele sítio. A época de Quaresma naquela cidade de interior como em tantas outras de mesmo aspecto, era repleta de lendas e superstições que rendiam os relatos mais assustadores que se podia ouvir. E o que vou tentar relatar aqui, é um deles ou pelo menos parte do que o medo me causado me permitir lembrar. Certa vez diante daquele fogão de lenha e aquele crepitar que depois dos rádios à pilha, era um dos poucos barulhos a se ouvir, já que nem TV existia por lá de tão ermo que era aquele bucólico local, ela nos contou que quando era criança ao sair para catar lenha ao ver certa dificuldade em encontrar os galhos onde costumeiramente a mesma sempre catava, esta se viu obrigada a se afastar mais um pouco das propriedades onde viviam, indo até para um lugar que nunca havia passado antes tamanho a vastidão daquelas terras. Já estava ficando tarde, e lá sozinha e próxima àquela perigosa mata fechada, ela que já começava a cantar para disfarçar o medo que já a acompanhava, ao conseguir encontrar um galho ou outro, notou que nos confins de todo aquele pasto se aproximava um vulto sobre aquelas pradarias. Aquilo no que ela podia visualizar se parecia com um 'lençol' e poderia ser julgado como tal devido ao vento uivante que começava a soprar podendo até carregar tal peça. Mas os movimentos do tal 'lençol' não pareciam ser aleatórios e além de ter o ameaçador objetivo de seguir em sua direção, aquilo mesmo que flutuante sobre aquela vegetação, também parecia ter formas ou em seu vulto parecer com qualquer coisa próxima de um ser que fosse. E quando a minha então pequena avó percebeu que aquilo vinha para cima dela, esta largou toda aquela lenha e saiu correndo desesperada dali enquanto era perseguida por 'aquela coisa'. A perseguição se deu por todo aquele pasto até finalmente minha avó conseguir chegar numa estrada de terra onde pediu ajuda a alguns lavradores que ali se encontravam, mas estes não conseguiram ver o que a perseguia. Depois minha avó soube que o nome 'daquilo', aquele fenômeno ou 'ser' era algo como, 'Aço-da-Terra'. Um tipo de assombração que existia naquela região e que muitas vezes apareciam, gado, outros animais e até gente morta que se atribuía àquilo que talvez os asfixiava ou inexplicável e assustadoramente os 'eletrocutava'.

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