Mais uma vez a família do jovem André passava férias na casa de seus avós em Glória do Goitá, Zona da Mata pernambucana tida como a 'Capital dos Mamulengos', um tipo de teatro de fantoche bastante comum no nordeste do país. André que já entrava na adolescência, outrora ou 'até pouco tempo' adorava assistir a tal teatrinho. Mas agora, ao se ver 'como adulto', o mesmo já não ligava muito e até mesmo desprezava essa cultura tão bela e importante do folclore da terra de origem de seus familiares e do Brasil. Mas Henrique, o caçulinha, ao contrário, se empolgava e muito com aquele showzinho improvisado naquela pracinha à noite! As histórias eram meio complexas para a idade dele, mas toda aquela manipulação(misteriosa) que dava 'vida' àqueles bonecos, aquele humor simples e contagiante, fazia a sua alegria, assim como a das outras tantas crianças daquela região. Mas 'emburrado', André que só olhava o seu celular enquanto o show se dava, chegava até a debochar do irmãozinho. Apesar de já ter gostado muito daquilo, ele ali se perguntava 'como é que pode aquela criançada toda ser tão boba para gostar e até acreditar que aqueles bonecos eram vivos'. André que só estava ali por se vê praticamente 'obrigado' pelos pais a ter de acompanhar o irmãozinho, também lhe jurou um dia provar que aquilo tudo era de mentira, e que na verdade existiam atores manipulando todos aqueles bonequinhos. Os olhos daquele infante inocente, que discutia até, com o irmão mais velho a respeito, chegavam a brilhar de tristeza com aquela postura cética do mesmo. Mas até que 'tal dia' não chegasse, o pequeno Henrique queria mesmo era se divertir com aquele showzinho. O casal de bonecos cangaceiros Bacamarte e Mauriceia continuava a fazer a alegria de todos e raiva no 'precocemente ranzinza' André. Nos outros dias das férias da família, sempre que se sabia do show daquela trupe de bonequeiros, lá estava contra sua vontade, André e seu irmãozinho Henrique. E este primeiro já estupefato com esta situação, não só por não querer saber daqueles bonecos, mas por também de certa forma 'invejar' a alegria pura e inocente de seu irmãozinho, resolve acabar de vez com a fantasia ou magia daquele show, quando este termina, puxando-o pelo braço e o arrastando até onde aquela trupe se baseava para lhe mostrar o que na verdade estava por detrás de tudo aquilo. Os shows de mamulengo, por tradição não revelam os manipuladores de seus fantoches. Isso dava um certo ar de mistério para aquele show e também era o ponto alto de toda aquela magia. Mas André, sem querer saber, estava disposto a desmascarar tudo aquilo naquele exato momento. E assim sorrateiramente carregando o seu irmãozinho, o jovem seguia se esgueirava atrás de todos aqueles baús, biombos e caixas onde eles guardavam todos aqueles fantoches e outros apetrechos do show. Tudo isso ficava próximo a um trailer estacionado não muito distante daquela praça. E lá estavam os dois! André pedia calma a seu irmãozinho que em qualquer instante ele lhe mostraria quem movimentava aqueles bonecos. E ali abaixado e escondido com o ele, André fazia o que podia para tentar identificar alguém, ou qualquer 'coisa' que indicasse o que ele queria lhe provar. Mas não conseguia ver nada nesse sentido. Até que de repente, em sua distração, alguém o cutuca. Ele chega a pensar que é seu irmãozinho, com a outra mão. E chega até a se zangar com o mesmo. Mas este lhe diz que não é ele. E quando André resolve olhar para atrás, ele se surpreende com a visão da boneca Mauriceia se movimentando sem que ninguém a manipulasse. 'Sozinha', suspensa no ar, e risonha, esta ainda lhe pergunta 'o que eles estavam procurando ali'?! Na mesma hora, o até então 'cético', André desmaia de susto, mas seu irmãozinho Henrique que sempre acreditou na 'vida própria' daqueles fantoches ficara ali brincando com Mauriceia.
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