TINDER


Polyana nunca superou a perda daquele que ela tinha como o seu melhor amigo, Cláudio. Aquele assalto que os dois sofreram no qual impiedosamente aquele bandido nefasto ceifou a vida de Cláudio por causa de um celular e que quase também a matou já que os dois viviam 'grudados'... Aquela era uma amizade e tanto e praticamente 'colorida' ou mais do que isso! Muita gente até suspeitava que aqueles dois 'tinham alguma coisa a mais' um com o outro. Mas os dois sempre afirmavam que não passavam de simples amigos, e se realmente havia algo a mais ali, infelizmente o destino não permitiu que nada se concretizasse. Mas no caso de Polyana, mesmo que no fundo no fundo tinha sim...aquela sensação que a mesma sentia quando estava ao lado de Cláudio era muito mais do que amizade. Mas lhe faltou coragem para se confessar ou declarar, ela não sabia se Cláudio sentia o mesmo apesar de suspeitar de alguns movimentos dele, mas enquanto ela se preparava para dizer, era tarde demais! Alguns anos se passam, e mais conformada na medida do possível, a jovem tenta seguir com a vida, e mesmo tendo notícias de que o tal bandido que os assaltara morrera num confronto com a polícia, isto também não era o bastante para que a mesma se conformasse por completo com a perda de Cláudio e nem afastasse aquela saudade. Mas, incentivada por uma amiga, Polyana toma conhecimento de um aplicativo chamado 'Tinder' que acabava de surgir e no qual ela poderia conhecer algum 'cara legal' da redondeza para fazer amizade e quem sabe até mesmo começar um relacionamento. Polyana ainda com resquícios daquele luto não se empolga muito, mas resolvera tentar. E nisso, num deslizar e outro dos dedos em seu celular, a mesma se espanta ao dar de cara com o perfil de um rapaz idêntico a Cláudio. Cabelo, boca, traço, feição...se ela acreditasse em 'reencarnação' diria que seu amado amigo retornara para a sua alegria! Ela ainda não havia reparado, mas quando ela vê que o nome do tal 'sósia' também era 'Cláudio', ela quase cai da cadeira em que estava, e sem pensar, ela 'o joga para direita' e inicia uma amizade com o tal rapaz. Quando os dois finalmente marcam de se encontrar numa lanchonete da região, Polyana se maravilha com mais semelhanças que encontrara naquele 'sósia', só estranhando a cor um tanto pálida, o seu toque que era tão leve e frio, a voz meio rouca, além de uma estranha sensação de que o mesmo lhe escondia algo, e também uma certa preocupação deste em marcar os encontros sempre durante a noite. Quando o relacionamento finalmente se consolida, Polyana quer conhecer a casa desse Cláudio e em que rua da região exatamente a mesma ficava. Mas o jovem sempre desconversava, a coisa ficava para um outro dia, e assim Polyana tinha que conviver com esse mistério. Mas certo dia, ela resolve lhe fazer uma surpresa. Curiosa como sempre, 'catucando o aplicativo', Polyana consegue dar um jeito de 'rastrear' a posição exata de onde 'esse Cláudio' fazia suas mensagens. Ela então resolve ir até onde seria a casa desse Cláudio. Esta se encontrava também naquela mesma região, mas Polyana estranha, pois a localização dava o ponto exato de onde havia um cemitério. Era noite, o mesmo horário em que sempre se encontravam. Mas ao começar a 'juntar as coisas' na mente, ali parada, ela não acredita e se desespera, quando no mesmo instante seu celular sinaliza. Era uma mensagem de Cláudio que se desculpando confessava ser de fato 'aquele Cláudio' seu grande amigo e amor que havia sido assassinado, e que só estava esperando o momento certo para lhe revelar sem que a mesma se assustasse. Ele também dizia que precisou 'voltar' para dizer o que sentia por ela de verdade já que ter partido sem revelar isso, não o permitia descansar em paz. Polyana tremendo com aquele celular em mãos ao mesmo tempo em que se mantinha chorosa, também se alegrava pelos momentos em que pôde ter o seu amor de volta e também ao ver o alívio do mesmo em poder finalmente descansar em paz após isso. E também, talvez por esse motivo o celular de Cláudio nunca fora encontrado pela polícia com aquele bandido.

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