O LOBISOMEM


Gargantas abertas, membros e vísceras arrancados de forma impiedosa e pelo que se supunha serem garras e dentes dos mais afiados. Era o cenário aterrador naquela palhoça na cidadezinha de Pausânia. E mais um de muitos ataques em série do que se acreditava ser um pavoroso 'lobisomem'. Os populares,  gente simples e pacata, chegavam a jurar que viam o tal monstro rondar aqueles pastos e terreiros daquele condado. Gado, galinhas pessoas, desde as mais incautas às que se julgavam corajosas e principalmente as que não acreditavam, eram vitimadas pelo suposto licantropo. Noites de lua cheia e épocas como a Quaresma já começavam a ser temidas por todos. As crianças já não brincavam mais nas ruas, as conversas nas praças e até nas frentes das casas tinham hora para acontecer quando existia alguém pelas ruas já que as mesmas se tornavam desertas. Uivos dos mais mais assustadores eram ouvidos ao cair da noite, além de pegadas das mais estranhas e que nada se pareciam com a dos animais que existiam na região também eram vistos naquelas estradas de terra. O pavor já era tamanho que até mesmo falar no assunto era evitado por aquela gente simples. O Delegado Barros como o bom policial que era, trabalhava com fatos,  provas e logo não poderia entrar naquela histeria coletiva. Mas quando sobre o carro em que estava, um vulto, algo assustador e inexplicável pula e o faz frear bruscamente... à beira daquela estrada com sua pistola empunhada, diante daquela Superlua, o mesmo já não vê outra saída a não ser começar a considerar a versão daquele povo sobre o lobisomem. Em outros pontos da cidade começavam a surgir novos indícios de ataques. Pessoas que têm suas casas invadidas, sofrendo mordidas, sendo degoladas e mortas. O aspecto e todo o ritual para quem conhecem as lendas eram o mesmo de um ataque de lobisomem. A notícia já estava ganhando a mídia, a 'imprensa marrom' e de todas as cores já se interessava pelo apelidado: 'Lobisomem de Pausânia'. Delegado Barros já começava a mandar forjar balas de prata e campanas e tocaias já começavam a se montar durante as noites de lua cheia. E numa dessas que o mesmo consegue finalmente pegar o tal lobisomem. Mas para a surpresa de todos os presentes, aquilo não tinha nada de lobisomem. Na verdade se tratava de um homem comum e que após se internado em um manicômio se soube através de um psiquiatra que o tal indivíduo sofria do que se chamava 'licantropia', uma doença na qual a pessoa acredita estar se transformando em lobisomem, agindo como tal e até mesmo a 'aparência de um' se consegue ter em alguns casos. Delegado Barros suspira aliviado com essa notícia. Mas os laudos indicavam que os cortes naquelas vítimas eram feitos por garras e as mordidas por presas, e ambas bem afiadas. Como aquele pobre diabo que até meio desdentado era, conseguiu fazer tudo aquilo...? O mistério parecia continuar, mas aquela cidadezinha que não se atrevia sequer a mencionar o caso, não ousava querer saber.     

*BASEADO EM UMA IDEIA ORIGINAL DE MEU IRMÃO THIAGO 'GADGET' OLIVEIRA.

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