OS 'DESENCAMINHADOS'


João e sua turma de amigos lotava aquele carro importado dirigido em alta velocidade e movido, além da gasolina, também 'pelo álcool' ingerido por esse irresponsável jovem motorista e seus amigos que voltavam de mais uma balada. Já passava das 3 de madrugada naquela perigosa rodovia. Mas João muito cheio de álcool e 'de si', nem se importava, se sentido um 'ás do volante' com aquele carrão pego escondido de seu pai. E naquele volante, ele seguia chegando a fazer até mesmo 'zigue-zagues' devido a embriaguez ou a falta de juízo mesmo, tanto dele quanto da galera que ele levava e que ria e vibrava com a imprudência do amigo. E de repente em um certo ponto daquela escura rodovia, João e sua turma toma um baita susto com um caminhão que vindo de frente, simplesmente ofusca a vista de todos com aqueles faróis. Parecia morte certa para todos eles, mas incrivelmente, João conseguira desviar para a alegria dele e daqueles fanfarrões que levava. Beto que seguia no carona, nesse momento, estranhamente se encontrava dormindo. Logo, este não viu nada do perigo que todos correram, e também toda hora tinha que ser acordado por João que com os ombros empurrava a cabeça do mesmo para a janela do carona. A farra seguia pela estrada afora, mas João começou a estranhar aquele caminho que tomara. Ele já havia passado por ali várias vezes, fosse com esse carro ou de carona com algum amigo. E inclusive quando eles foram para aquela boate de onde voltavam. Mas de repente, tudo estava 'muito mudado'. João demorou a reconhecer, mas não teve jeito! Devido a toda aquela farra e embriaguez, ele com seus amigos, acabara se perdendo. Ele pegou algum caminho errado no desvio após aquele susto que passaram, e agora eles já nem sabiam onde estava. E ali tudo era muito escuro, ou mesmo 'sombrio'. Haviam brumas, um cheiro forte de podre vindo daqueles campos tão ermos ou 'lúgubres' em volta da pista, e até alguns pingos de chuva começara a cair, e uma daquelas jovens presente, de tão embriagada, antes de fechar uma das janelas chegou a dizer que pareciam 'salgados', fazendo assim com que todos rissem da mesma e também dissessem que ela já estaria de 'ressaca'. Até que o grogue e soberbo João, resolve dar a mão a palmatória reconhecendo que apesar de toda a sua 'habilidade ao volante', que eles estavam perdidos. E quando o grupo avista um indivíduo na beira daquela estrada, estes incentivam o amigo a parar e perguntar 'onde eles estariam e como fazer para sair dali'. João então faz o que lhe pediram. E diante daquela estranha figura com aquele negro capuz e aquela foice nas costas, João estranha, mas julga que poderia se tratar de algum 'agricultor' ou 'lavrador' da região devido a mata que também havia próxima dali, e que estaria encapuçado 'por causa do sereno ou da chuvinha que começava a cair'. Mas alguém ali àquela hora...?! João também se indagava estranhando, mas tentando conter o deboche de seus amigos com aquele sinistro indivíduo do qual nem se dava para ver a face direito, pergunta a ele 'como faria para voltar para a rodovia'. Aquela figura estranhíssima, nem o responde de pronto. Antes ele olha para todos no interior daquele carro. E quando resolve responder, com um certo tom também de deboche, uma voz bem sinistra e 'meia rouca', a tal figura diz que 'não é possível eles saírem mais dali'. Esta ainda nota o deboche acompanhado da estranheza dos jovens, e assim manda os mesmos olharem para trás onde se encontrava um poste no qual haviam várias velas acesas numa espécie de homenagem às vítimas de um terrível acidente que se dera por ali há mais de uma semana. João e todos naquele carro estavam mortos. Eles ainda não acreditavam, até que a figura que se tratava de um 'ceifador', também manda que eles olhassem os espelhos do interior do carro ou os retrovisores do mesmo. E quando eles fazem isso, se veem com as faces deformadas, esqueléticas e até mesmo já em decomposição. As jovens, além do cabelo bem ralo, nem narizes mais possuíam! Beto que 'dormia' sobre o ombro de João, na verdade fora um dos primeiros a morrer quebrando o seu pescoço. Aqueles pingos que se julgava 'chuva', na verdade eram gotas das lágrimas dos entes queridos de todos eles. Por isso aquela jovem disse que pareciam salgados. E as luzes dos faróis do caminhão se confundiram com a luz que os conduzira até aquele 'limbo' onde aquele carro na verdade andava em círculo. O desespero foi geral dentro daquele veículo. Mas indiferente a tudo aquilo por ser acostumado a tal, o ceifador antes de sair à procura de outras almas 'perdidas' por ali, ainda lhes diz que 'eles poderiam continuar rodando com aquele carro até que chegasse o momento em que ele voltaria para conduzir a alma de cada um para onde lhes fora determinado'.  

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