NIKO & PITACO

Em uma outra grande casa de espetáculos do país se dava mais um daqueles incríveis ou 'assombrosos' shows de dança da fantástica bonequinha japonesa Niko. Não havia um espectador na plateia que não se encantasse ou se 'espantasse mesmo' com o balé daquela gueixa em miniatura. Toda aquela graça, aqueles movimentos... como eram possíveis?! Muitos se perguntavam intrigados com aquela maravilhosa e misteriosa 'tecnologia' utilizada por aquele bonequeiro. Que tecnologia nada...! Niko se movimentava pela própria vontade mesmo. Sua qualidade de uma centenária 'tsukumogami' a permitia ser capaz disso. Dedé era o bonequeiro mais famoso e rico apesar de tantas atrações modernas dos tempos atuais, graças a isso. Mas nem sempre foi assim. Dedé vem de uma família de artistas. Até mesmo donos de um renomado circo seus pais chegaram a ser. Mas após uma terrível crise financeira que os assolou, eles acabaram perderam tudo. Se acumularam várias e várias dívidas. E quando Dedé se via no fundo do poço, pronto para se atirar de uma ponte, foi dali que ele avistou na beira daquele rio a pequena Niko. Aquela bonequinha que inacreditavelmente perambulava sozinha por ali. E mesmo não acreditando no que via, chegando a culpar até a 'carraspana' a qual se entregava, por tal visão, fora nesse mesmo instante que ele resolveu a 'adotar' dando início assim a uma bela, inacreditável e, famosa e milionária parceria que o colocou no 'estrelato' do teatro mambembe. Dentre outras pequenas atrações,'Niko a Gueixa Dançarina' era a que fazia as crianças de várias idades e até os adultos delirarem quando sabiam que teria tal show em suas cidades. Matérias de jornal, capas das principais revistas... como aquela boneca 'quase falava', se movendo sem nenhum fio aparente, com aquele aspecto tão antiquado e sem ter nenhum controle remoto ou qualquer recurso tecnológico também visível ali?! Esse era o grande mistério ou 'segredo profissional' de Dedé. Até que este pensando em 'incrementar' ainda mais aquele showzinho, resolveu arrumar um 'amiguinho' para Niko: 'Pitaco'. Um velho fantoche também encontrado da mesma forma que Niko, abandonado. A diferença era que ao contrário da gueixinha, este além de fantoche, se movia com a manipulação de Dedé. E essa nova parceria também acabou fazendo muito sucesso. A 'química' entre aqueles dois bonecos era tamanha que Niko fatalmente acabara 'se apaixonando' por Pitaco. Mesmo sabendo que este ao contrário dela só tinha vida graças a manipulação de seu dono ou 'mestre'. Na luxuosa casa onde viviam, de tão apaixonada, Niko já nem se permitia ficar guardada naquele baú. Esta ficava horas afinco olhando para seu amado e 'inanimado' companheiro fantoche, chegando a fazer aqueles showzinhos de dança para ele até mesmo de madrugada, despertando e até já provocando certa raiva em Dedé que além de chamar a atenção de Niko, já começava a guardar os dois bonecos separadamente para impedir aquele 'namoro'. E o tempo passa, os shows prosseguiam. Niko e Pitaco era uma parceira que parecia dar mais do que certo, mas a bonequinha é quem era a atração principal. Todos só queriam Niko! E com isso Pitaco ficava cada vez mais 'obsoleto' em suas participações. Isso acabou obrigando Dedé a aposentar ou se desfazer daquele fantoche. E logo tal atitude entristeceu demais aquela bonequinha que além de inacreditavelmente 'mudar de expressão' perdendo aquele meigo, 'desenhado' ou 'talhado' sorrisinho, também começou a não querer mais dar seus showzinhos de dança, se tornando uma 'boneca normal', e logo envergonhando Dedé diante daquele público sedento por ver o showzinho inacreditável daquele 'brinquedo vivo'. E em mais uma daquelas noites em que ele também triste voltava a se embriagar na sala de sua mansão, que Dedé já perdendo a cabeça, implora àquela bonequinha, à base de safanões, a voltar a ter 'vida', e até mesmo a ameaça jogá-la na lareira caso esta voltasse. Mas Niko permanecia inerte... inanimada como uma boneca qualquer. Mas isso fora só até aquela madrugada. Quando Dedé dormia ou 'desfalecia' no seu luxuoso sofá com aquela garrafa de um caro uísque em seu colo, este acaba sendo despertado por Niko que armada com uma faca de cortar carne('maior do que ela') que pegara na cozinha, sobre seu peito nu começara a desferir vários, impiedosos e mortais golpes o matando ali mesmo e deixando para os policiais que rodeavam a cena daquele bárbaro crime no dia seguinte, aquele grande mistério. 'Quem teria feito aquilo com aquele bonequeiro'?! Aquela luxuosa casa, além de muros altos com cercas elétricas, estava trancada... Dedé também tinha um feroz cão da raça...?! Nada fora roubado e nenhuma impressão digital existia naquela faca deixada ali. Tudo era muito misterioso e macabro, inclusive o que pareciam ser 'pequenas pegadas' de sandálias bem minúsculas formadas a partir da poça de sangue de Dedé e que se perdiam até a 'portinha do cachorro' que ficava na porta dos fundos.       


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